top of page

Fala e Linguagem

Gagueira (Disfluência)

A gagueira é um distúrbio da fala, não regride com o tempo e não faz parte do desenvolvimento normal da linguagem. Durante os anos de aquisição e desenvolvimento da linguagem, é comum que existam períodos variáveis no grau de fluência. A maioria das crianças supera com sucesso os períodos de disfluências. As disfluências do tipo repetição de palavras e segmentos, hesitações, interjeições, revisões, são comuns e presentes na fala de todos os indivíduos. Cerca de 75% das crianças que apresentam períodos de disfluência recuperam o padrão fluente em aproximadamente seis meses.

Com o avanço dos estudos genéticos, tem sido demonstrado que a gagueira decorre de uma predisposição hereditária. Em termos genéticos, a predisposição familiar afetaria a fluência em relação à capacidade funcional do indivíduo para o controle temporal da fala. Atualmente, é aceito que a gagueira seja um distúrbio de aspecto multidimensional, ou seja, mesmo com fatores hereditários positivos, a influência ambiental poderá ou não contribuir para o desenvolvimento do distúrbio.

Como já mencionado, muitas crianças que apresentam disfluências superam esse período sem a necessidade de terapia. Porém, tratando-se de crianças com risco ou alto risco para a gagueira, é fundamental um diagnóstico e tratamento rápidos. De maneira geral, os resultados da intervenção precoce são muito bons e rápidos. O sucesso do tratamento depende do envolvimento e cooperação da criança e da família.

A gagueira pode ser definida por três subtipos: idiopática ou do desenvolvimento, neurogênica e psicogênica. A gagueira idiopática ou do desenvolvimento tem início na infância (em geral, entre 18 meses a sete anos), durante a fase de aquisição e desenvolvimento da linguagem e se caracteriza como um distúrbio crônico, mesmo que apresente períodos cíclicos de fluência. Esse subtipo é encontrado em cerca de 80% dos casos de gagueira identificados na infância. Esta gagueira pode ser definida como uma disfunção do sistema nervoso central (controle motor e temporal da fala), com base genética, que, em sua evolução, pode acarretar impactos psicológicos e mau ajustamento social. A gagueira idiopática ou do desenvolvimento, aquela que persistiu no indivíduo até a idade adulta, não tem cura. Entretanto, o tratamento fonoaudiológico especializado promoverá uma fala mais fluente e proporcionará aos indivíduos que gaguejam uma melhora na sua dinâmica comunicativa. A gagueira neurogênica, ou adquirida, acomete falantes fluentes, em decorrência de um dano cerebral de origem vascular ou traumática. A gagueira psicogênica é causada por algum evento psicológico identificável (traumático ou conflito emocional), ou é associada aos quadros psiquiátricos. Segundo a literatura, esses dois últimos subtipos de gagueira (neurogênicas e psicogênicas), não correspondem realmente ao distúrbio, uma vez que não apresentam seus traços distintivos básicos (hereditariedade, início simultâneo à aquisição e desenvolvimento de fala, predominância do sexo masculino e variação de acordo com o tipo de tarefa de fala), apresentam apenas a sintomatologia correlata: rupturas involuntárias do fluxo da fala e esforço para falar.

​A gagueira é variável dia a dia, intermitente, sendo esta uma das principais características da patologia em conjunto com a ruptura involuntária do fluxo da fala. Há dias melhores e dias piores. Sofre influência direta do estresse ambiental (necessidade de falar rápido, por exemplo) ou psicofísico (situações emocionalmente tensas, positiva ou negativamente), sendo que mediante estas situações, tende a se manifestar com maior frequência.

​Quando a pessoa com gagueira canta, ela não gagueja porque as áreas cerebrais ativadas ao cantar são diferentes das ativadas ao falar. Ambas as tarefas ativam o chamado sistema pré-motor, mas ao cantar ativa-se o sistema lateral e ao falar o medial. Caso você ou seu filho tenha algum tipo de disfluência, marque uma consulta para avaliá-los,

bottom of page